olá, pessoas. Por motivo de falta de tempo, não poderei postar nada aqui nesse fim de semana. No entanto, faço o convite a todos para que leiam a postagem "Marco e as três Marias", que é minha, e está no blog Daki-Dali, parceria com a Daia. Uma impressão do "Livro de Marco", de Flávio Carneiro, e de "Marco", sua adaptação para o teatro feita pela Cia Rústico de Teatro (Joinville).
É isso gente, deem uma conferida
abraços!
domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
Rosebud
Recentemente, li "Rosebud", livro de poemas de Luis Augusto Cassas que, até então, era desconhecido por mim.
Rosebud (que significa botão de rosa, em inglês) é a famosa palavra dita por Kane, o célebre personagem do filme Cidadão Kane(1943), de Orson Welles. No filme, a palavra tem uma grandeza enorme> trata-se de uma metáfora ao orgão sexual feminino, mas vai bem além disso. Boa relação faz Vitor Junior ao dizer que "(...) “Rosebud” simboliza aquilo que há de mais íntimo, de mais misterioso, mais escondido, mais particular, mais encoberto". Quanto ao livro de Cassas, publicado no início da década de 90, um período de grande desastabilidade econômica, em que reinava uma péssima distribuição econômica, este tem muito de crítica social. Cassas é agressivo, como se cuspisse nos atos fúteis da classe média, que esbanja dinheiro enquanto a maior parte da população vive na miséria. Cassas é crítico, mas não cai em lugares-comuns (deslize constante entre aqueles que enviesam por esses caminhos). Então o que é o "Rosebud" sugerido por Cassas? Seria o desnudamento do homem, esse homem que se esconde em falsos-moralismo e vive sua vida pacata e besta? Bem, é só uma ideia.
Fato é que este livro é muito interessante. Adorei.
Cassas faz uma coisa muito legal: brinca com o cotidiano, usando os diversos "gêneros" (não estritamente de linguagem. Quero dizer que ele brinca com os sentidos das palavras e com as imagens que estas compõem). Em "Obituário dos poetas" descreve o falecimento de vários "poetas" com muito humor-negro e à maneira dos jornais. Outro exemplo é "Condomínio Sophia": Cassas divide o poema como a estrutura de um prédio: térreo, primeiro andar, segundo andar...cobertura. Mais um exemplo, que eu reproduzo abaixo é "Cronologia":
CRONOLOGIA
I Nasce o poema em papel de cigarros carlton.
II O poema frequenta bibliotecas, universidades e bares e trava conhecimento com outros poemas.
III O poema prega a revolução permanente e arma os versos com o fuzil do amor.
IV É editado, elogiado nos suplemetos culturais e vira embrulho de tomate.
VI Internado com o esgotamento nervoso e crise de identidade.
VII Morre o poema.
Quem define bem as características da poesia de Cassas é Moacyr Félix, no prefácio do livro, quando diz: " (...)irônicos e revoltados, sofridos, às vezes gozadores e às vezes amargos, todos eixados em torno de uma visão-de-mundo revoltada-mente estruturada e religando os atos e coisas mais simples do cotidiano com importantes nomes e fatos da história e culturas mundiais, os versos de Luís Augusto Cassas são como facas atiradas contra e estourando os balões coloridos - inflados de mentiras e hipocrisias e desumanizações - com que as nossas elites econômicas alardeiam as suas riquezas sobre a pobreza moral e física de mais de cem milhões de brasileiros. (...)"
Outra característica da poesia de Cassas é a intertextualidade. O poeta faz muitas referências, estabelecendo diálogos com textos conhecidos (num dos poemas, utiliza um trecho de "Versos Íntimos", de A. dos Anjos). Poema legal, pois cheio de humor, para exemplificar isso é este "Indesejada", em que Cassas cita Baudelaire e brinca com os sobrenomes de Edgar Allan Poe e Ezra Pound, que viram interjeição e onomatopéia, respectivamente:
A INDESEJADA
3 da manhã. pound! pound! pound!
a poesia baixa em mim
como um santo em seu cavalo
mas eu não sou baudelaire
que o mundo ama e ninguém quer.
nem sou coronel
pra sustentar bordel.
te sai dessa, menina.
poesia e vaselina
só em festa de grã-fina.
escrita fina.
estou meio deprê.
depois a gente se vê.
edgar allan, pô, que tralha,
vê se enxota essa gralha!
Com muito bom humor, Cassas põe ao longo do seu livro os poemas prefácio, mesofácio e pósfacio, um espaço de contato cara a cara entre o poeta e o leitor. Assim ele fecha o livro:
posfácio
ou onde o leitor (não) necessariamente
expõe o seu desagrado
sobre o lido e o re-vivido
com um sonoro elogio à mãe do poeta
-------------------------------------------------------------------------------------
É mesmo.
Filho da puta, que livro bom!
REFERÊNCIAS:
CASSAS, Luis Augusto. Rosebud.Massao Ohno Editor, 1990.
JUNIOR, Vítor. ROSEBUD - Resenha crítica sobre o filme “Cidadão Kane”, de Orson Welles. Disponível em http://recantodasletras.uol.com.br/resenhasdefilmes
domingo, 15 de novembro de 2009
ditos pouco populares
I
Em terra de cegos
caolho não vira rei
e é perseguido
até que perfurem seu olho bom
II
Se a ocasião faz o ladrão
o instante faz o poeta?
mas e a poesia
(o latrocínio dos transeuntes cotidianos)
onde entra nesse dito?
III
menino deus escreveu certo por linhas tortas
e tirou zero na prova
IV
pau que nasce torto, nunca se endireita:
vive sempre na sombra da esquerda
V
-- pai, como deus ajuda quem cedo madruga?
-- dá o amanhecer de presente
VI
sol e chuva sol e chuva
céu e terra fecharam-se nos olhos da viúva
as venezianas calaram-se
e não houve festa alguma
VII
faça bem ao próximo,
mas lembre-se que o inimigo mora ao lado
VIII
diga-me com quem andas
e quem amas
e quem temes
e o que fazes, queres e o que és
e ainda sim, não saberei nada de ti
IX
larga de mentira: um pássaro na mão não vale nada!
X
se conselho fosse ruim, não se dava
vendia-se
XI
e filho de peixe
poeta é
Em terra de cegos
caolho não vira rei
e é perseguido
até que perfurem seu olho bom
II
Se a ocasião faz o ladrão
o instante faz o poeta?
mas e a poesia
(o latrocínio dos transeuntes cotidianos)
onde entra nesse dito?
III
menino deus escreveu certo por linhas tortas
e tirou zero na prova
IV
pau que nasce torto, nunca se endireita:
vive sempre na sombra da esquerda
V
-- pai, como deus ajuda quem cedo madruga?
-- dá o amanhecer de presente
VI
sol e chuva sol e chuva
céu e terra fecharam-se nos olhos da viúva
as venezianas calaram-se
e não houve festa alguma
VII
faça bem ao próximo,
mas lembre-se que o inimigo mora ao lado
VIII
diga-me com quem andas
e quem amas
e quem temes
e o que fazes, queres e o que és
e ainda sim, não saberei nada de ti
IX
larga de mentira: um pássaro na mão não vale nada!
X
se conselho fosse ruim, não se dava
vendia-se
XI
e filho de peixe
poeta é
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
sábado, 7 de novembro de 2009
Querido diário
Semanas atrás, me viram lendo "O mundo do sexo", de Henry Miller e caçoaram por conta do título. Hoje, quando alguém viu que eu estava lendo "A greve do sexo", comédia grega de autoria de Aristófanes, comentou-se: "Acho que você, Eduardo, é meio pervertido"
Fiquei feliz: sou um leitor pervertido! Uhulll
Fiquei feliz: sou um leitor pervertido! Uhulll
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Um verso
consegui uma Antologia Poética do Cassiano Ricardo, e estou encantado. Bela poesia.
eis um verso dele, que adorei. Extraído do poema "Dizes tantas coisas":
"quanto mais falamos, mais silêncios nascem"
*__*
eis um verso dele, que adorei. Extraído do poema "Dizes tantas coisas":
"quanto mais falamos, mais silêncios nascem"
*__*
domingo, 1 de novembro de 2009
os namorados
os namorados desencontrados decidem "dar um tempo"
imagem triste essa. esse tempo descolorido e sem forma.
antes dessem uma distância!
imagem triste essa. esse tempo descolorido e sem forma.
antes dessem uma distância!
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