sábado, 31 de outubro de 2009

Mais um convite

Acabo de postar no meu outro blog, o Sujeito Oculto, os "poemas para ler escondido do seu chefe"
Deem uma lida lá. Eu achei que ficou bem legal. ^^

Inspiração não faltou! (trabalho num escritório)

Valeu!
:P

Joinville Literária

olá pessoas, quero fazer um convite.

Estou participando do projeto joinville literária, que consiste num site que reúne a produção de escritores contemporâneos, da cidade de Joinville. Não são todos. Boa parte. É uma iniciativa bem legal de divulgar os textos de joinva, especialmente aos estudantes. lá no site tenho 6 poemas cadastrados. Ainda estou lendo as outras produções, mas tenho gostado muito do que já li. A cidade está muito bem servida. ^^
Obviamente, sou um novato no meio dessa turma a anos-luz das grandes feras como o Rubens da Cunha e o Caco de OLiveira. Mas não estou tão sozinho, ao lado dos experientes há outros jovens como o Ítalo e a Gabriela Cristina Carvalho.
Enfim, fica o convite para que todos deem uma passada pelo site (que está com um design gráfico muito bom), para a leitura dos textos.

Eis o link para o Joinville Literária

Abraço!

PS: essa semana, estive no sebo e comprei 3 livros do Fernando José Karl, que é um ótimo poeta joinvilense, e que desfalca o site. Agora, tenho 4 pois estes se juntaram ao meu "Desenhos mínimos de rios", que é um bom livro. Em breve, mergulharei fundo na poesia de Karl.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Meus favoritos

Mexendo no meu skoob, encontrei isso aqui.
esses são alguns de meus livros favoritos.
Se botasse todos os meus 30 favoritos, ia ficar feio.
Bem... isso é meio inútil, mas que é bonitinho, é. ^^

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um conto semiológico

Era uma vez um homem infeliz.
Trabalhava num pequeno jornal. Era responsável pela seção de horóscopo.
Seu nome era Barthes, Roland Barthes.
Ele gostava muito de signos. Áries, Câncer, Capricórnio, ele gostava de todos os signos.
Mas era um homem infeliz.
Um dia - do nada - ele decidiu elaborar a Teoria Semiológica.
E tornou-se feliz.
E ele vive rindo, até hoje, da cara dos acadêmicos de Letras...


Nota:
este conto foi publicado originalmente na última carteira da fila do meio da sala 109A, da Univille, por ocasião de uma animadíssima (sim, isso é uma ironia) aula de Teoria da Literatura.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Querido diário

Hoje encontrei mais uma criança perdida. Há alguns dias senti a falta do meu "Solte os cachorros", da Adélia Prado, que eu acabava de ter iniciado a leitura. E nem imaginava onde poderia estar. Achei que estivesse lá em casa, em algum canto da bagunça. Mas hoje, fui aos correios (a trabalho) e a funcionária se lembrou de mim e me entregou. Tava lá, o maledeto. Vou retomar a leitura dele, agora. Menos um problema né. (Ainda não esqueço o trágico episódio do dia em que perdi meu "Crime e Castigo").
Mas enfim.. agora só me resta um mistério: para onde terão ido os meus "Poemas Completos de Alberto Caeiro"?

:P

sábado, 24 de outubro de 2009

Um poeta e seu leitor

É noite de sexta e eu estou no terminal de ônibus. O carro chega. Encontro um lugar ao fim dele para sentar-me. Acomodo-me, distraído. Então, entra pela porta de trás do ônibus um homem. Um mendigo. Alto e magro, pele negra. Uma barba grande e grisalha. Traz consigo um saco de plástico contendo latinhas de cerveja vazias e um cheiro forte de mundo (enquanto tomo banho todo dia, não deixando o mundo fixar-se em mim por muito tempo). O homem senta-se nos degraus do ônibus. A porta se fecha e o carro segue seu rumo. Continuo distraído percorrendo os olhos pelos passageiros e pela paisagem noturna que derrete lá fora. De repente, uma voz familiar:

-- E aí, Miguel, como é que tá?

Miguel é o homem das latinhas, sentado no degrau. Quem pergunta é um homem de cabelos grisalhos, óculos, e que traja um paletó azul. Está sentado de frente ao degrau do homem, do Miguel. Reconheço, então, que o senhor de paleto azul é o Caco, o poeta Caco de Oliveira, aquele das várias intervenções pela cidade, da poesia carimbada, dos haicais, enfim, aquele da boa poesia. Não o conheço muito bem. Abordei-o uma vez na rua, para tirar uma dúvida sobre um de seus livros. Nessa ocasião, impressionou-me a simpatia e a singularidade de Caco. Muito espontâneo e educado: coisa rara de se ver. Espontâneo e educado também é Miguel, que responde às perguntas de Caco com muita graça. À pergunta inicial de Caco, ele diz que está tudo bem. Diz que a vida está corrida "muitas empresas, sabe?". Começo a sentir uma grande felicidade, embora ainda não consiga explicá-la. A piada de Miguel foi boa, mas nem tanto para me deixar tão sorridente. Por que a felicidade, então? Bem, só penso nisso agora, pois ontem, no ônibus, só queria acompanhar o diálogo dos dois. Creio que Caco o conheceu pelas suas andanças no centro da cidade. Miguel tem um rosto familiar: todos que frequentam o centro já o viram. Mas poucos conversam com ele.
Respondendo o poeta, Miguel falou de como tem se alimentado, e das suas andanças pela cidade. Uma conversa pacata e gostosa, a dos dois. (E eu, que no início estava louco para trocar de lugar, sentar ao lado do Caco e lhe perguntar sobre outra coisa - uma antologia recém lançada - fiquei no meu canto, só ouvindo, sem atrapalhar)
Em cada ponto, desceu um pouco de tempo. A viagem passou rápida. Quando me dei conta, o poeta estava se preparando para descer. Aí ele disse:

-- Eu vou te dar um livro, Miguel

Miguel continuou com o ar grave, uma característica sua. Olhou para Caco e ficou vendo o poeta abrir sua bolsa (vejam que figura: uma mochila escolar azul e vermelha, do homem-aranha) e retirar um exemplar de um de seus livros. Livro bonito, novinho. Trata-se do último lanaçamento de Caco, o livro Cardume de Nuvens. "São haicais", explica o poeta ao leitor intrigado. Caco estende o livro para Miguel fazendo uma brincadeira com ele: abre as abas do livro ("as orelhas") e, com um momvimento de asas batendo, faz com que Miguel receba um livro-pássaro em suas mãos.
Miguel, muito humilde, agradece o presente e acolhe o pássaro entre as mãos. Logo que entrega o presente, o poeta se despede do companheiro e desce em sua parada. O ônibus segue sua rota, Miguel segue sentado no degrau, e eu sigo em meu rodízio de olhares, distraindo-me principalmente naquele figura de camisa e calça toda suja e chinelos velhos. Miguel fica silencioso. Ouço um breve rumor sair de sua boca, mas é muito discreto, indecifrável. Então, Miguel levanta-se do degrau e vai sentar-se na mesma poltrona que o poeta até então havia usado. Botou o livro (que tem uma capa muito bonita) no colo e começou a folheá-lo. Não sei se Miguel sabia ler ou se era um grande leitor. Sei que ele percorreu as páginas com aquele seu ar grave, de como quem está intrigado: um leitor intrigado. Uma imagem muito bonita, que fotografei na memória e agora colo aqui. Logo Miguel fecharia o livro, não por desinteresse, tenho certeza. Talvez inquietação. Ou talvez por perceber que a viagem chegava ao fim.
Logo, surgiu o terminal do bairro: parada final. Sou o último a descer (em parte pelo desejo de observar os outros, principalmente o Miguel). Este, assim que sai aproxima-se da lixeira do terminal e vasculha com o braço seu interior. Com pressa, passo por Miguel rumo à catraca que é a saída do terminal. Enquanto passo por ela, observo que Miguel vem logo atrás. Espero um pouco, com uma enorme vontade de conhecer um pouco mais dessa figura. Olho pra ele e digo:

-- O Caco é um cara muito gente-boa, né?

Ainda com seu ar grave (que é simpático) ele confirma minha opinião e completa:

-- É assim que a gente aprende, velho.

Dito isso, desejou-me um bom fim de semana e tomou um rumo contrário ao meu.
Também tomei meu caminho rumo à casa, pensando que a minha felicidade numa descoberta (eu quero descobrí-la todo dia): Viver Livre.
Viver Viver Viver
Viver, velho.
É assim que a gente aprende.

domingo, 18 de outubro de 2009

mente-suja

o mente suja é aquele que escorrega no duplo sentido.
Quase sempre, o duplo sentido tem uma conotação sexual
E, geralmente, o resultado desse escorregão é uma gafe.

Volta-e-meia eu tenho os meus momentos mente-suja.
Pois é, e hj descobri mais uma.
Gosto muitos dos mutantes, aquela banda da década de 60, que sobrevive até hj, uma das maiores (a maior?) do Brasil.
Pois então, tem uma música deles, que eu adoro, chamada Top Top.
escuto direto. ja escutei dezenas de vezes ela.
e eu sempre achei que a letra dela era assim

Eu vou sabotar
Vou casar com ele
Vou trepar na escada
vou pintar seu nome no céu


ou seja, ela ia casar com o cara
ia trepar na escada, ou seja, ia foder na escada, fazer sexo, um coito, tanto faz o nome.
a questão é que a letra não é assim.
descobri isso dias atrás. Na centésima vez que ouvi a letra, reparei que ela era diferente.
eis a forma correta do trecho, composição de mutantes e Arnolpho Lima Filho:

"Eu vou sabotar
Você vai se azarar
O que eu não ganho eu leso
Ninguém vai me gozar, não jamais !!

Eu vou sabotar
Vou casar com ele
Vou trepar na escada
Pra pintar seu nome no céu
"


Ou seja, a santa moça, ia subir numa escada - o objeto
para, romanticamente, pintar o nome do cara no céu.
E eu maliciando a menina!

ai, ai, mente-suja é foda.
foda nos dois sentidos.

:P

intimidade

eu não sou poeta
(bem que eu queria)
eu só tenho palavras demais.

ah, que mentira!
Palavras demais..
tenho as mesmas palavras de todo mundo
sou apenas mais safado com elas

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

das capas de livros

Sabe aquela frase "Não julgue um livro pela capa"? Pois é. Eu julgo. Primeiro porque desconfio de todo livro feito numa edição ruim, com aquele papel ralo, que mais parece guardanapo do que folha. Nisso posso me enganar, mas geralmente estou certo quanto a esse pré-julgamento. Título é outra coisa que utilizo para julgar. E aqui os enganos são maiores. Um exemplo é um livro muito legal de um autor francês chamado Pierre Bayard: "Como falar de livros que não lemos?" Título bem safado que leva o leitor a pensar que se trata de um manual para vagabundos que querem se passar por grandes leitores. Grande engano. Aliás, já escrevi sobre esse livro aqui.
Mas continuo a fazer meus pré-julgamentos. A palavra felicidade, por exemplo. É uma das bases dos livros de auto-ajuda. Se essa palavra tá no título, geralmente é porcaria. "Buscando a felic.." ou a variante "como ser feliz...e bláblá"
Mas quero voltar para as capas. Além de julgar um livro pela capa (é claro, eu o folheio também, leio orelhas e etc), eu compro livros pelas capas. Uma edição bonita me apaixona. Uma editora que tem capas maravilhosas é a CosacNaify. É cada capa! À cada dia as editoras capricham mais nas capas. Não precisa ser grandiosa: às vezes, uma bela fotografia (como as capas da editora Alfaguara) ou até uma capa simples, mas com boa escolha de cores e tipos de papel (como a Rocco ou a Record). Enfim, não há um grande segredo. Mas que eu compro livros pela capa, ah eu compro.
Estou falando, especialmente, dessas edições mais recentes, já que a maioria das antigas não tem tanta beleza e tanta variedade.
Mas há um outro lado. O lado das capas ruins. Uma coisa bizarra é aquele livro que tem a cara do autor estampada na capa, como se ele fosse maior do que o livro. Bem, se a capa sugere isso, é certo que a obra não vale nada. Mas não é esse o único tipo de cada ruim. Como eu disse, antigamente não havia essa consciência em todas as editoras, o que resultou no surgimento de capas toscas. Nunca me esqueço de uma vez em que, revirando livros num sebo, deparei-me com um exemplar de "A carne", romance de Júlio Ribeiro escrito lá por 189.. e alguma coisa ou início do século XX. Enfim, esse livro na época chocou uma parte da sociedade por conter referências claras (na verdade, nem tão claras assim, o autor mascara com metáforas. Mas todo mundo entende) à sexualidade da protagonista. Uma cena de sexo aqui, outra de masturbação ali, tudo bem floreado, e pronto. O resto era um romance naturalista/romântico que dá sono no leitor. Mas nesse sebo, chamou-me a atenção a capa do livro (edição da década de 80): uma mulher com os seios de fora. Só isso. Ora, a protagonista do livro não era uma stripper. Era só uma mulher comum. Mas para rotular o livro como "quente" (coisa que não é, só foi naquela época e olhe lá) a editora botou essa capa safada lá.
Outro exemplo paracido de capa safada é de um livro que li há pouco tempo. Escrito pelo estadounidense Henry Miller, chama-se o mundo do sexo. A capa do livro, numa edição de 1975 que eu tenho é essa aqui ó:




Diferentemente de "A carne", este livro tem, sim, o sexo como tema. O autor discorre sobre o sexo: como o homem o vê e o trata. Apesar de ser escrito em outro contexto (EUA e a europa, no início do século XX) o livro tem algumas reflexões bem interessantes do autor. Com um linguajar bem despojado (ou seja, com bastantes palavrões), o autor conta causos de sua vida e faz reflexões bem profundas sobre o sexo, diria até filosóficos, se levarmos o papel da sexualidade na forma de como o homem se enxerga. Enfim, gostei muito. O problema foi essa capa, né. Eu sei que o sexo é o tema central do livro, mas precisa fazer uma edição tão tosca como essa? Bem, acho que isso em 1975 era normal, né, imagino que foi uma década em que havia um desejo de liberdade de expressão (em vários níveis, um deles sexual) daí, esse grande apelo de imagens sexuais que tomou conta das mídias (revistas, livros, programas de tv, filmes, etc.) nessas décadas (70 e 80).
Eu costumo ler em todos os lugares possíveis. Por isso, enquanto lia esse livro, tomei cuidado de ocultar a capa em lugares públicos, num ônibus, por exemplo.
Aí vc pensa: "nossa como o eduardo é fraco, fica se preocupando com o que os outros pensam" Mas ora, a capa do livro dá a entender que estou lendo uma chanchada pornográfica de quinta categoria! A edição velha e amarelada contribui pra isso. Passar por tarado consumidor de baixa literatura? Eu é que não!
Mas já passou, já li o bom livro do Miller. Aliás esse é um livro que pelo título e pela capa engana muitos. Afinal, trata-se de um ótimo livro (para se ter uma ideia, a minha edição conta com um prefácio de um crítico do porte de Otto Maria Carpeaux, analisando a obra de Miller)
Mas é isso, são as capas e títulos no enganando. É da vida.

:D

domingo, 11 de outubro de 2009

querido diário

quando estou fazendo um trabalho acadêmico, uma das coisas que eu faço primeiro (por ser uma das mais deleitosas para mim) são as referências bibliográficas.
tem explicação sim. mas que é uma coisa boba, é.

das antologias

pois é, aniversário. Festinha, presentes, coisa e tal. O presente mais amado foi da mais-amada Daia. Livro, é claro. Ganhei dela "Os melhores contos da américa latina." Por meio dessa antologia, desfila diante do leitor, um painel do pensamento latino-americano. Não queria incitar uma exclusão, mas tirando os nossos amigos Yankes, tem-se um continente, um bloco -muito heterogêneo, é verdade, com culturas riquíssimas e variadas, mas que, ao mesmo tempo, possui muita coisa em comum entre seus países participantes. Somos iguais na tragédia: os processos coloniais que destruíram povos, misturaram outros e fizeram nascer outros ainda. Tais lutas reverberam até hoje em guerras civis em países como Haiti e, mais recentemente, Honduras.
Ainda estou lendo esse livro, que tem 80 contos. Estou no começo, que traz as primeiras narrativas curtas (de cronistas peruanos, venezuelanos e um trecho de um livro místico guatemalteco). O nosso Brasil surgirá mais para frente com Machado de Assis, Arthur Azevedo, Inglês de Souza até chegar nos modernos Trevisan, Rubem Fonseca e C. Lispector. Enfim, é um livro de encher os olhos, organizado pelo escritor Flávio Moreira Costa.
Sou um aficcionado por essas antologias, pois sei que é quase impossível não ser um bom livro. Tenho em casa, os "Cem melhores contos brasileros do século [XX]" e "As cem melhores crônicas bras...." , e agora mais essa. Todos eles maravilhosos. Há textos únicos, magistrais.
Estou namorando, há tempo, outras antologias como As cem melhores histórias eróticas da literatura universal (que tbém é organizada pelo Flávio) e os cem melhores poemas brasileiros do século. Aos poucos, realizo esses meus sonhos de consumo-devoração.


Falando nisso, recentemente saiu pela Letradágua o livro "Poesia para gostar de ler poesia- antologia de poetas joinvilenses", reunindo ótimos poetas joinvilenses (que aqui nasceram, ou que aqui produziram suas obras) como Alcides Buss, Fernando José Karl e Rubens da Cunha. (esse tbém está na lista dos livros que namoro. Tenho que ir atrás dele!)

Agora chega, que vou devorar o presente do meu amor.

^^

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Leia isso porra

Dia desses (semana retrasada, acho) saiu uma reportagem no jornal, com outra polêmica cercando livros didáticos. Agora em MG. Pelo jeito ninguém aprendeu depois do episódio de "censura" aos livros do Cristovão Tezza. Continuam a repetir asneiras.
Trata-se de um livro didático de língua portuguesa que apresenta, em alguns textos literários (não sei quem são os autores dos textos), contendo palavras de baixo calão, ou seja, os bons e velhos palavrões.
O repórter colheu depoimentos de pais, alunos e do professor. Todos condenaram a existência de termos como "filho da puta" e "vai tomar no cú", nas falas de personagens que demonstravam raiva. A fala mais forte (e burra) veio do próprio rofessor: "Eu fiquei indignado. O aluno, por mais que fale esse tipo de palavras, não é na escola que ele deve aprender. Aliás, na minha sala de aula nem o direito de falar isso ele tem"
Ora, se partirmos dessa premissa (de que tudo aquilo que se lê em sala de aula tem intuitos didáticos) chegaremos a absurdos, como não podermos utilizarmos nenhum texto que contenha personagens que fumem, pois assim estaremos ensinando os jovens a fumarem. Nem cenas de sexo. Nem cenas de assassinato. Vejamos.. "O ateneu" com crianças peraltas (e lá tem uma cena de assassinato também)? Não, isso iria incitar as crianças a aprontarem. Que tal "O cortiço", de Aluísio de Azevedo? Nem pensar! Lá tem cenas de sexo! e de crimes! E dom casmurro, o clássico? Não, absurdo! Com um protagonista, o tal do Bentinho, que pensa em matar seu filho com um café envenenado. Oh, céus! Não podemos levar esses maus exemplos para as crianças!
Isso tudo é ridículo!
O que vou dizer é um grande clichê para quem compreende o valor da literatura (e da arte em geral): a literatura não tem compromisso com nada. Ela quer desnudar o homem, mostrar quem ele é. Se é bonito ou não; se é pomposo ou grotesco; isso não importa. A palavra é desnudar. E vem um bando de falsos-moralistas jogar mantas sobre isso: H-i-p-ó-c-r-i-t-a-s.
As pessoas falam palavrões? Falam! E muito. E isso é bom? Ruim? Olha, bonito não é. Se fosse bonito, papo de namorados era assim.

-- Amor, você é tão bonita. Parece uma putinha.
__ Ai, obrigada! Você também, é um grande (um grandíssimo!) merda.

Um palavrão é uma tentativa. Uma fuga. Quando alguém diz um palavrão, fala sabendo que trata-se de uma palavra "ilegal". E fala para "quebrar" essa norma. Um palavrão, nesse sentido, é um ato marginal.
Vou dizer por que vejo um lado positivo no palavrão. Muitas pessoas tem medo das palavras. Se alguém fala "inferno!", ah pronto, abre logo a boca de espanto. Cocô, buceta, inferno: eis aí o resumo. Geralmente o "baixo calão" vem de uma imagem escatológica, sexual ou oriunda de crendices (diabo, demonho, macumba, saravá, etc), mas principalmente dos discursos relacionados ao sexo. Discursos sexuais (existe esse conceito, será? :P)
E é isso. Nossa língua nos reflete. Falamos muito de sexo. Ou melhor, pensamos(há quem não goste dessa generalização -pensamos- mas deixa assim) muito em sexo. Talvez pensamos demais e falemos pouco. Aqui entra o palavrão. Ele tem diversos fins: explicitar raiva, desespero, alegria! (veja o video para o qual coloquei o link abaixo), ou uma ofensa (e aqui, seu uso não é legal). Mas nós falamos. Somos humanos. Humanos com medo da própria língua.
Pelo amor do demonho! (como diria o protagonista de "ensaio do vazio" de C. Henrique Schroeder) Parem de perseguir os textos literários! Se você não fala, eu respeito. Mas que você pensa neles...ah você pensa. (Veja o video, please)
Para ilustrar o valor do palavrão de forma bem-humorada, tem um video muito legal. Mas como estou com preguiça de baixa-lo e depois postar, vou botar só o link para você ver no youtube. Copie e cole. Os comediantes Marcius Melhem e Leandro Hassum estão impagáveis nesse tratado sobre palavrões.
É isso gente. Tem mais não.



Ah, já sei. Você não vai poder ler. Tá com preguiça. Ou melhor, a vida tá corrida, né? Muitas coisas a fazer. Tudo bem, eu entendo.

Entendo nada! Vai tomar no cú!
assista o vídeo lá, seu filho da putaaaah!
pois é bom, garanto!


Ou melhor, clique aqui para ver o video. http://www.youtube.com/watch?v=ADyc_t7qV6s


:D