terça-feira, 6 de outubro de 2009

Leia isso porra

Dia desses (semana retrasada, acho) saiu uma reportagem no jornal, com outra polêmica cercando livros didáticos. Agora em MG. Pelo jeito ninguém aprendeu depois do episódio de "censura" aos livros do Cristovão Tezza. Continuam a repetir asneiras.
Trata-se de um livro didático de língua portuguesa que apresenta, em alguns textos literários (não sei quem são os autores dos textos), contendo palavras de baixo calão, ou seja, os bons e velhos palavrões.
O repórter colheu depoimentos de pais, alunos e do professor. Todos condenaram a existência de termos como "filho da puta" e "vai tomar no cú", nas falas de personagens que demonstravam raiva. A fala mais forte (e burra) veio do próprio rofessor: "Eu fiquei indignado. O aluno, por mais que fale esse tipo de palavras, não é na escola que ele deve aprender. Aliás, na minha sala de aula nem o direito de falar isso ele tem"
Ora, se partirmos dessa premissa (de que tudo aquilo que se lê em sala de aula tem intuitos didáticos) chegaremos a absurdos, como não podermos utilizarmos nenhum texto que contenha personagens que fumem, pois assim estaremos ensinando os jovens a fumarem. Nem cenas de sexo. Nem cenas de assassinato. Vejamos.. "O ateneu" com crianças peraltas (e lá tem uma cena de assassinato também)? Não, isso iria incitar as crianças a aprontarem. Que tal "O cortiço", de Aluísio de Azevedo? Nem pensar! Lá tem cenas de sexo! e de crimes! E dom casmurro, o clássico? Não, absurdo! Com um protagonista, o tal do Bentinho, que pensa em matar seu filho com um café envenenado. Oh, céus! Não podemos levar esses maus exemplos para as crianças!
Isso tudo é ridículo!
O que vou dizer é um grande clichê para quem compreende o valor da literatura (e da arte em geral): a literatura não tem compromisso com nada. Ela quer desnudar o homem, mostrar quem ele é. Se é bonito ou não; se é pomposo ou grotesco; isso não importa. A palavra é desnudar. E vem um bando de falsos-moralistas jogar mantas sobre isso: H-i-p-ó-c-r-i-t-a-s.
As pessoas falam palavrões? Falam! E muito. E isso é bom? Ruim? Olha, bonito não é. Se fosse bonito, papo de namorados era assim.

-- Amor, você é tão bonita. Parece uma putinha.
__ Ai, obrigada! Você também, é um grande (um grandíssimo!) merda.

Um palavrão é uma tentativa. Uma fuga. Quando alguém diz um palavrão, fala sabendo que trata-se de uma palavra "ilegal". E fala para "quebrar" essa norma. Um palavrão, nesse sentido, é um ato marginal.
Vou dizer por que vejo um lado positivo no palavrão. Muitas pessoas tem medo das palavras. Se alguém fala "inferno!", ah pronto, abre logo a boca de espanto. Cocô, buceta, inferno: eis aí o resumo. Geralmente o "baixo calão" vem de uma imagem escatológica, sexual ou oriunda de crendices (diabo, demonho, macumba, saravá, etc), mas principalmente dos discursos relacionados ao sexo. Discursos sexuais (existe esse conceito, será? :P)
E é isso. Nossa língua nos reflete. Falamos muito de sexo. Ou melhor, pensamos(há quem não goste dessa generalização -pensamos- mas deixa assim) muito em sexo. Talvez pensamos demais e falemos pouco. Aqui entra o palavrão. Ele tem diversos fins: explicitar raiva, desespero, alegria! (veja o video para o qual coloquei o link abaixo), ou uma ofensa (e aqui, seu uso não é legal). Mas nós falamos. Somos humanos. Humanos com medo da própria língua.
Pelo amor do demonho! (como diria o protagonista de "ensaio do vazio" de C. Henrique Schroeder) Parem de perseguir os textos literários! Se você não fala, eu respeito. Mas que você pensa neles...ah você pensa. (Veja o video, please)
Para ilustrar o valor do palavrão de forma bem-humorada, tem um video muito legal. Mas como estou com preguiça de baixa-lo e depois postar, vou botar só o link para você ver no youtube. Copie e cole. Os comediantes Marcius Melhem e Leandro Hassum estão impagáveis nesse tratado sobre palavrões.
É isso gente. Tem mais não.



Ah, já sei. Você não vai poder ler. Tá com preguiça. Ou melhor, a vida tá corrida, né? Muitas coisas a fazer. Tudo bem, eu entendo.

Entendo nada! Vai tomar no cú!
assista o vídeo lá, seu filho da putaaaah!
pois é bom, garanto!


Ou melhor, clique aqui para ver o video. http://www.youtube.com/watch?v=ADyc_t7qV6s


:D

4 comentários:

  1. O texto ta pra caralho :B
    Foda-se os contras (:
    Uma puta de escrita :Q
    _|_ (HAHAHAH')
    Muitoo bom mesmo, :D

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  2. Não aprendem mesmo...
    Muito bom este seu texto, Eduardo!! E o video também. =D
    Abraço!!

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  3. do caralho mesmo isso daqui!

    tô contigo e não abro, sacou?

    (daqui a pouco vão reclamar das gírias nas merdas dos livros didáticos)

    ¬¬

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