quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Momento na Rua do Príncipe

Asfalto molhado, o estrondo no fim da tarde cochichou ao povo: o carro vermelho e seu motorista distraído acertaram o veículo da frente. O homem olhou. A mulher olhou. A menina de rosto magro olhou. As respeitáveis senhoras, também, congeladas, olharam. Olhou motorista, olhou mendigo, olhou pedestre. Farmacêutico abandonou balcão e olhou. Gripado, o homem esqueceu a chuva: parou e olhou. Mil olhos convergendo sedados para um leve arranhão metálico. Olhei para o outro lado da rua e vi um garoto discreto. Um menino, menino poeta, contrariando todos, ignorando os 2 brinquedos e olhando para as pessoas. Olhou para o homem, para a mulher, para as respeitáveis senhoras, passeou pelo jogo de dominós humanos. Girei meu olhar sobre as estátuas rapidamente. Quando quis voltar ao menino, ele já partia. Seus olhos fotógrafos giravam pelas marquises coloridas, perdendo-se no labirinto dos ladrilhos do calçadão central. Deixou as estátuas e saiu correndo, aparando as arestas desse mundo que insiste em ser quadrado.

2 comentários:

  1. Olha, não sei .-. pelo jeito é "convergindo" mesmo. Ainda bem que curso Física, e não Letras. :D

    Mas deixa assim, e obrigado por seu olhar. :)

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