domingo, 7 de março de 2010

14 cascaes



Adorei o projeto editorial deste livro. Edição muito bem feita, com destaque para os desenhos que ilustram cada conto (fugiu-me o autor agora, mas é catarinense). Quanto aos contos, é interessante observar que a proposta (fazer 13 contos contendo o mesmo personagem, o eterno Franklin Cascaes, artista e estudioso do folclore de Florianópolis) foi muito bem-sucedida. E assim foi pois em cada conto, Cascaes aparece de um ângulo: ora é o protagonista, ora um coadjuvante, que passa por traz da cena, acrescentando pequenos detalhes, mas que mudam muito o curso da narrativa. Ora é passivo, quando sua história é contada; ora é ativo, quando é um personagem em si, com falas expressas. Outro aspecto que aumenta a singularidade de cada conto, é a forma como o personagem é cruzado com os entes místicos que estudava, especialmente as bruxas. Essa relação aparece na maioria dos contos, como não poderia deixar de ser. Enquanto num conto Franklin, que se encontra solteiro por conta da morte de sua esposa Bete, é tentado por uma sensual bruxa; em outro Franklin é chamado para investigar um aparente caso de surgimento bruxólico, como no conto "Minha querida", de Fabio Brüggemann. "Dois bandolins", de Flavio José Cardozo, foi um dos conto de que mais gostei. Pela escolha do tema, e pelo gracioso trabalho com a metalinguagem (o final é demais), gostei muito. Muito bom também é o de Péricles Prade, o conto "talvez a primeira e última carta". Esse exemplo de Prade, é mais um que corrobora aquilo que eu falava lá em cima: a originalidade de cada conto é preservada por seu próprio foco narrativo, além das diferenças de tempo e espaço, bem como, os contos se diferem pelo papel que Cascaes nele desempenha. Essa narrativa de Prade, como sugere seu título, trata-se de uma carta datada um dia antes da morte de Cascaes, assinada por uma mulher que se diz indignada pelo fato de sua pessoa ser associada à figura de uma bruxa, por conta de Francolino (o nome real de Franklin)assim tê-la chamado, em sua obra "O Fantástico na Ilha de Santa Catarina. Na carta, a mulher tenta tirar de si a fama de bruxa, explicando que a sétima filha mulher nascida em lua cheia (condição para surgir uma bruxa) não fora ela, mas sua irmã gêmea. E Cascaes Acredita? E o leitor acredita? Lembrando que a carta, no qual emerge uma ameaça de morte para que Cascaes corrija seu suposto erro, é datada um dia antes do falecimento dele...
Bem, agora que eu praticamente tirei a graça de um dos contos, resumindo e contando seu final, resta-me tentar ajeitar isso, convidando-os a ler esses 13 cascaes (reparem no número folclórico), sob olhar de 13 autores catarinenses, e mais um 14º, aquele ilustrador, do qual vou ficar devendo o nome. (Começa com T, haha :P) Vale a pena curtir essa bela homenagem ao folclórico Francolino.

Um comentário:

  1. li este ano passado. era muito requisitado na biblio do sesc. acho que caiu no vestiba da ufsc.
    gostei também, muito. da ideia e dos contos.
    e gostei da tua leitura para o livro :)

    abraço!

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