sábado, 19 de setembro de 2009

A Marcha para a Diversidade e a Parada de Jesus

Como se sabe, a Marcha para Jesus e a Parada da Diversidade foram dois eventos que movimentaram Joinville nos últimos meses. E, como se sabe, ambos contaram com o apoio da Prefeitura de Joinville, na figura do prefeito Carlito Merss. Para a semana da diversidade, a prefeitura destinou o patrocínio de 25 mil reais. Para a Marcha de Jesus, financiada por pastores da cidade, a prefeitura foi mais modesta: colaborou com a organização e com a divulgação através de panfletos.
Dia desses, lendo o jornal/tablóide Gazeta de Joinville, deparo-me com uma matéria(escapou-me a definição exata, mas vá assim mesmo) contendo 24 trapalhadas do governo Carlito. E eu fui lendo e assentindo, lendo e assentindo.. (afinal, Carlito ainda não cumpriu boa parte de suas promessas)... aí, de repente, me deparo com essa "comparar a Semana da diversidade com a Marcha para jesus".

Ah, pronto. Fechei o jornal/tablóide.

O prefeito Carlito tem decepcionado - e muito - por não cumprir suas promessas de campanha, mas dessa vez estou com ele. Num ato bonito, Carlito publicou um artigo no jornal Notícias do dia defendendo o evento e comparando-o com a marcha para Jesus. Foi o bastante para incendiar a revolta por parte de alguns ignorantes, entre eles, os editores da Gazeta.
A Marcha para Jesus foi um evento religioso, uma confraternização dos cristãos. Ponto. A Parada da diversidade tinha um objetivo bem diferente, social - uma confraternização em prol da liberdade de orientação sexual. Eventos que podem ser comparados, pois são, na teoria, dois eventos pró-liberdade de expressão seja ela sexual ou religiosa.
Mas foi só o prefeito defender a parada, que passaram a chover críticas preconceituosas. Palavras do Carlito:

“Por ter um compromisso com toda a sua gente, a prefeitura de Joinville não poderia se omitir. Se a Maria gosta do João que gosta do Chico que gosta da Ana que não gosta de ninguém porque curte a Maria. O que e importante? E apenas assumir de forma sincera o que acreditamos e viver a vida sem culpas fabricadas por preconceitos”

Primeiro que a fala do prefeito é louvável pelo respeito às diferenças. E segundo que ela lembra (e é bem provável que intencionalmente) o poema "Quadrilha" do Drummond (lembram?).
Preciso lembrar que o preconceito aos gays é imenso em nossa sociedade?
Preciso dizer que a cidade de Joinville é composta principalmente de cristãos?
E preciso dizer que para a religião cristã não há espaço para a homossexualidade?

Aí reclamam da comparação entre os dois. Realmente. Não faz sentido.
Por toda a opressão e preconceito em torno dela e de seus participantes, a parada tem bem mais valor.

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